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Carlos Cidade eleito Presidente da Concelhia do PS/Coimbra com 69,06% dos votos

segunda-feira, 15 de março de 2010

Valorizar, Investir

Longe vão os tempos, em que Coimbra, tinha identificação para além da sua Universidade.
Todos nos recordamos, pelo menos algumas gerações, do que identificava Coimbra, no plano produtivo, como por exemplo a cerveja de Coimbra, reconhecida pela sua qualidade, se bem me recordo a designação da Topázio.
A sua produção cerâmica, na qual destaco a marca de Coimbra, da Sociedade de Porcelanas. Quem não se recorda do orgulho que era ver espalhado pelas mesas desse país e não só os pratos de grande beleza com o símbolo da Torre da Universidade e as letras gravadas de S.P.
Ou no plano da cerâmica artística os belos exemplares de pequenas fábricas, com produção artística de grande qualidade, como por exemplo a Real Cerâmica, com referências ao que se designa de Louça de Coimbra.
Mas também, no plano do vestuário, que apesar do muito trabalho produzido para exportação, não deixava de ser orgulho de Coimbra.
Na produção alimentar, em que a Triunfo, era produtor nacional, de um conjunto de produtos que eram delícias de todos nós.
Não se trata de saudosismo, mas do reafirmar de uma preocupação sobre o futuro de Coimbra, perante o que desapareceu e o que não aprece em alternativa.
Bem sabemos que os tempos são outros, os paradigmas económicos alteraram-se, mas em vez de nós, de Coimbra, assumir-mos uma capacidade de reacção ou uma atitude pró-activa perante estes condicionalismos, acabamos por estar sempre no muro de lamentações.
E este muro de lamentações, manifesta-se pela inércia do poder politico conimbricense, a partir da Câmara Municipal de Coimbra, pelo muito comodismo do nosso meio empresarial, reconhecendo as dificuldades que decorrem naturalmente da situação económica.
Mas esta atitude não pode justificar tudo. Coimbra, ou melhor os responsáveis políticos com o poder do Município, não podem continuar a tratar aqueles que querem investir em Coimbra, como se vendedores de “banha da cobra” se tratassem.
A atitude perante os que procuram a cidade e o concelho para investir, não podem ser olhados com desdém ou como investidores de segundo plano, relegando-os para processos burocráticos e para quem não tem poder de decisão, nem é capaz de decidir.
Há cerca de meia dúzia de anos, um grande evento internacional e com repercussão mundial, foram tratados pelo actual poder municipal como se fossem uns rapazes que queriam fazer umas brincadeiras. O facto é que esse evento passou pelo Porto, irá para Lisboa, quando a cidade com melhores condições naturais e logísticas para o realizar era Coimbra. Perdeu-se uma oportunidade. Perdemos todos, os empresários, os cidadãos, a economia de Coimbra.
Entretanto, vai-se falando na possibilidade de mais um grande investimento em Coimbra, que pode criar no mínimo quatrocentos postos de trabalho, e os investidores são surpreendidos com o desdém do actual Presidente da Câmara, relegando para outros, não dando importância devida aos seus promotores. Conclusão, diz-se que o risco é muito simples. Se Coimbra trata assim os investidores, esse investimento poderá ir para Leiria.
Estes são dois pequenos/grandes exemplos de como não se quer valorizar Coimbra e se desleixa o investimento no nosso Concelho.
É evidente que deve ser feita justiça, áqueles investidores, que estão a dar mais qualidade a Coimbra, e que tem saído do “forno” do Instituto Pedro Nunes, criado à época do Magnifico Reitor Rui Alarcão e Presidente da Câmara Manuel Machado.
Mas também todos aqueles que noutros sectores, arriscam investir, reabilitando e dão qualidade ao serviço prestado, como o caso da hotelaria e restauração, não tendo receio sequer de investir na baixa da cidade, como o excelente exemplo da Rua da Sota, para não estar a fazer publicidade ao estabelecimento comercial.
E nessa senda, oportunamente Coimbra verá abrir mais um espaço na zona da Universidade, que vem valorizar o património edificado da cidade, como seja o edifício que serviu de Sede à AAC-OAF, mantendo as memórias do seu uso ao longo de décadas, e dotando-o da modernidade, que os tempos de hoje exigem.
Mas precisamos de muito mais perante uma Câmara Municipal de Coimbra, que não quer, não sabe, nem é capaz. Só outras soluções especializadas nessa matéria o podem fazer, de forma profissional, como por exemplo a criação de uma Agência de Coimbra para atrair, procurar e dinamizar esse novo investimento.
Carlos Cidade

Publicado no Diário de Coimbra - 15-03-2010